8.02.2006

 
COMUNICADORES AMPLIAM OS ESTUDOS SOBRE O NEGRO NA MÍDIA

De 6 a 9 de agosto, na UFBA/Bahia, ocorre o ENECOM - XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDANTES DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - "Outra Comunicação é possível: combatendo as opressões e construindo as bases para uma nova sociedade”, com debates que incluem a democratização da comunicação, o combate ao racismo na mídia e a qualidade na formação dos comunicadores.

Em 1706, a primeira tipografia em funcionamento no Brasil Colônia sofreu a supressão do Estado Português. Em 1808, a Gazeta do Rio de Janeiro , primeiro jornal financiado pelo governo imperial, inaugura a imprensa no Brasil. Em 1947, escolas de jornalismo são criadas na república brasileira e posteriormente escolas de cinema e publicidade. Em 1960, as faculdades de comunicação surgem no ensino superior, incluindo as áreas de relações públicas, editoração, rádio e televisão. Em 1977, nasce a Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM), que ao longo dos anos tem motivado os pesquisadores a estudarem temas relacionados à mídia, à diversidade cultural e ao direito à cidadania. O INTERCOM 2006 (XXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação) tematiza o Estado e a Comunicação e ocorre de 6 a 9 de setembro, em Brasília.

Segundo o Ministério da Educação, existem 324 cursos de jornalismo no território nacional. Porém, somente na última década, os estudos do negro na mídia são institucionalizados na academia com o Grupo de Estudos em Mídias e Etnicidades, da Faculdade de Comunicação (Facom) - Universidade Federal da Bahia (criado em 1997); o Grupo Mídia e Etnia, da Escola de Comunicação e Artes (ECA) - USP (criado 2002); e o Departamento de Estudos Culturais e Mídia, do Instituto de Artes e Comunicação Social (IACS) - Universidade Federal Fluminense (criado em 2003). No Rio Grande do Sul, o Grupo Mídia e Multiculturalismo, coordenado pela Profª Dra. Denise Cogo, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Unisinos, também inclui pesquisas sobre a relação entre a mídia e os afro-brasileiros.

Os estadunidenses são pioneiros nos black studies. Hoje, no site da educationUSA (www.petersons.com) aparecem cerca de 117 núcleos de estudos sobre os afro-descendentes nas Universidades dos EUA (Black American Colleges and Universities/USA). No Brasil, existem cerca de 40 centros de estudos com a temática do negro, conhecidos como NEABs (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros) em várias áreas do conhecimento. Os primeiros foram o Centro de Estudos Afro-Orientais (Ceao), da Universidade da Bahia (1960); o Centro de Estudos Afro-Asiáticos, da Universidade Cândido Mendes/RJ (1973); e o Centro de Estudos Africanos, da USP (1978).

Desde 1833, os comunicadores afro-brasileiros empoderam-se dos meios de comunicação e incluem posturas de reivindicação e resistência através da mídia, promovendo um impacto nas pesquisas científicas que tematizam a diversidade étnica no cinema, no rádio, na tevê e na Internet. Segundo Dojival Vieira, da www.afropress.com, "A periferia não aceita mais o papel de apenas objeto de estudos. Os que de nós (negros/as) furaram a barreira da exclusão não devem achar que conquistaram o direito de nos analisar de longe, assepticamente, como cientistas em laboratórios". Nesse sentido, as análises acadêmicas sobre a relação entre mídia, etnia e multiculturalismo ampliam o debate, uma vez que as escolas de comunicação são um importante instrumento de desconstrução do racismo, evidenciado em desvantagem étnico/raciais em todos os indicadores sociais do Atlas Racial Brasileiro.

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