9.15.2006

 
NOTÍCIAS DO IV COPENE
Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros

por Hamilton Vieira, Assessor de Comunicação do IV COPENE

PESQUISADORA DEFENDE MAIOR ESTUDO NA AFRICANIDADE
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Gaúcha, Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva

Salvador, 15/9/06 - A conferência de abertura do IV Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros (IV COPENE) foi feita pela professora doutora Petronilha Gonçalves da Silva, para uma platéia de mais de 1.500 pessoas que superlotou o autitório Caetano Veloso da Universidade do Estado da Bahia (UNEB/Cabula). Ela tratou sobre Brasil negro e suas africanidades: produção e transmissão de conhecimentos. Segundo ela “a africanidade nos dá suporte para rompermos as barreiras dos preconceitos e das discriminações que são impostas aos negros nesse país. O fortalecimento da nossa africanidade nos desafia a buscarmos e a produzirmos conhecimentos para podermos participar efetivamente da vida política e cultural desse país”.

Continuando Petronílha - que atuou com destaque na implementação da lei 10.639, que prevê a inclusão no currículo escolas da história e cultura afro-brasileira e africana - destacou que “as nossas pesquisas e os nossos conhecimentos, embora sendo uma realização pessoal, poderá incentivar a muitos dos nossos a trilhar também pelo caminho do conhecimento". A pesquisadora na área de Educação frisou que a Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN), por ser uma entidade que reúne pesquisadores negros e outros estudiosos, que desenvolvem trabalhos com a temática negra, devem priorizar também nas suas investigações utilizar os conhecimentos, os fazeres e a filosofia que emanam dessa africanidade.

Para ela "a academia ainda é eurocêntrica e cabe a nós pesquisadores negros produzir conhecimentos a partir da ótica da nossa ancestralidade e africanidade. Essa conferência é o momento oportuno para discutirmos essas questões", pontuou Petronilha, uma das organizadoras do IV COPENE e professora na Uniscar.

Crédito Foto: Programa Políticas da Cor

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MUNANGA DESTACA A AFRICANIDADE COMO FATOR DE UNIDADE DOS NEGROS DA ÁFRICA E DIÁSPORA

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Kabengele Munanga
Salvador, 15/9/06 - Continente africano, formado por inúmeros países e povos, tem em suas inúmeras manifestações culturais, religiosas e filosóficas traços que unificam as populações que habitam o imenso território. Essas semelhanças podem ser conceituadas como africanidade, presente em todos os povos da África e, também, entre as populações da diáspora negra espalhadas nas Américas e Caribe. Esse foi um dos aspectos salientado pelo antropólogo congolês e professor da Universidade de São Paulo (USP), Kabengele Munanga na conferência África e Africanidades na Diáspora, na tarde desta sexta-feira (15/9), no auditório Caetano Veloso, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). A palestra fez parte do IV Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros (IV COPENE), em Salvador.

O antropólogo explicou que as diversidades cultural e étnica, presente na África Ocidente, serviu de justificativa para que povos europeus divulgassem a idéia de que a unidade no continente negro seria impossível: “Há estudiosos que estimam que em todo o continente africano existam entre 600 a 1.500 línguas. A partir disso, apostavam na impossibilidade de unir tanta gente com toda essas variedades lingüística e cultural”, pontuou Munanga.

O estudioso afirmou que existe uma unidade africana que está presente nas artes plásticas, nas danças, nas manifestações religiosas. Para ele, o traço maior que une todos os negros da África e da diáspora é o desejo de superar a marginalidade que foi imposta, a partir da coloração da pele, desde o período da invasão da África há 500 anos e da expansão do colonialismo do século XIX. “A luta para se libertar da escravização, superação da marginalidade, da carência material são traços que unem negros da África, das Américas e Caribe”, afirmou o pesquisador congolês.

Para o estudioso, com vários livros publicados no Brasil, a unidade africana ou a africanidade se faz presente tanto na África, Américas e Caribe quando, a partir da década de 30, do século 20, intelectuais da África e do Caribe espalharam para o mundo a filosofia da negritude, que é um reconhecimento da filosofia, da arte e da estética negras. Isso no campo da intelectualidade”. Já o Panafricanismo, proposto por Marcus Garvey e outros militantes pelos direitos dos negros tornou-se uma filosofia e, sobretudo, uma ação política. “Esses dois exemplos são configurados como manifestações de africanidade e de unidade entre todos os povos negros do mundo”, pontuou Munanga.

www.4cbpn.com

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